A vida e a obra do padre João Moutinho conjugam abertura mental, erudição e ironia perante a Inquisição, o Estado e a Igreja no Portugal do século XVIII. Nesta apaixonante e inédita investigação, o portuense João Moutinho (nascido em 1698) passa de um quase desconhecido a um rocambolesco e provocante autor de longa carta aberta ao rei D. José I (1755). Verdadeiro caso de polícia viria a ser o início da edição, em Florença, da obra em português: Carta dogmático-política. Original é a sua ironia para com a Igreja portuguesa que considera herética, por manter a Inquisição.
A produção da obra foi interrompida pela Inquisição, mas o autor conseguiu retirar 90 exemplares à tipografia, do já composto, e enviar, mesmo incompleto, ao rei, ao marquês de Pombal e a amigos. Todo o resto foi destruído. à aventura da vida deste errante oratoriano corresponde hoje a aventura de obter documentos dispersos para conhecer as ideias de quem Pombal quis apagar a memória, fazendo-o morrer no Castelo de Sant’Angelo, em Roma, em data desconhecida.
(Temas e Debates)